Friday, June 15, 2007

Amarelo Canário


Jaz prisioneiro, sem saber que o é,
Como o cego que nunca sentiu ofuscada a vista,
Pelo sol,
Jaz reluzente como ele,
Amarelo,
E pia estridente, duma felicidade que inebria,
Sozinho,
Quentura que contrasta entre hastes metálicas,
Poleiros impares e sujos,
Vôo de asas aparadas,
E pia, bobo da corte que é,
Pia rouco ás vezes,
Aperto de peito em dia chuvoso,
Mas é o que há para se fazer,
E ele o faz,
Reluzente como o Sol,
Amarelo, canário.

Saturday, February 10, 2007

Engenho.


A falha no seu engenhoso modo de vida
os parafusos soltos que impedem você de ver
a falta de óleo lubrificante que deixa tudo corroendo-se com o tempo.
Tudo não passa de uma prévia da realidade final.
Começamos sabendo que haverá um fim.
Terminamos sabendo que começaremos novamente.
Caímos, levantamos, nos ralamos, choramos e festejamos.
As coisas melhoram camarada.
Melhoram quando o técnico da mente coloca tudo a funcionar novamente..
Quando lhe colocam limites, quando lhe obrigam a fazer e não a pensar.
Disso servem os técnicos das mentes maquinadas dos homens.

O acidente no local de trabalho.
A furadeira de corações
todos os pregos batidos
todo o aço formando um laço q não se disfaz.
O laço do homem máquina feito para um fim, com o nada.
o que liga e prende todo esse material frio com algo simplesmente certo.
escuro, frio e sem demasias, é o fim.
Quando o seu sistema defeituoso de fábrica não pode ser recuperado,
nem por um técnico de mentes.
quando declaram perda total e dá-se um ciclo por encerrado.
Até que vire sucata, e dessa sucata nasce outro, e mais outro, e mais outro.
Bizarro pra quem observa, natural pra quem vive.
A geração das mentes maquinadas e lubrificadas com o comum, vulgar e óbvio.
As coisas melhoram camarada...
As coisas melhoram.

Nós somos a geração vazia, não passamos de máquinas em eterno pane.
Nós somos a geração vazia, a geração vazia cheia de metais frios e oca em sentimento.
Nós somos a geração vazia, e meu camarada, as coisas não vão melhorar.



[o post não ficou legal nem nada, pq dessa vez, não foi o Geuço quem escreveu.]

Friday, November 10, 2006

Compartilhamento


Minimalismo quase mudo,
De conteúdo altamente complexo,
Aperfeiçoamento de imperfeições,
Compreensão telepática,
Clímax obtido em situações estáticas,
Euforia interna,
Notavelmente refletida,
Em um espelho exterior,
Quebrado propositalmente.
Compartilhamento nupcial,
Sem cerimônias,
Maldição eterna, sorte em ser amaldiçoado,
Sorteios lotéricos,
Satisfação em ser refletido no espelho quebrado.
Suplício numérico,
O abutre insiste em pousar na cruz, impar,
Onde foram crucificadas juntas, aos pares,
Todas as nossas personalidades.
Deformações cadavéricas,
Sentimentos soturnos e extasiantes,
Fundindo-se constantemente,
E uma contínua melodia,
Reação da causa, de uma conseqüência,
Inevitável.
Compartilhamento nupcial,
Cerimônias pagãs,
Aprendizado recíproco e mutuo,
Calado e euforicamente comunicativo.
Deformações cadavéricas,
Túmulos vampíricos,
Demônios copulando e resgatando anjos,
Bruxas queimadas á luz do sol,
Protegidas de atos e potencias vampiricas,
Túmulos.
Realidades oníricas,
Sonhos diariamente compartilhados,
Satisfação em ser refletido em seu espelho quebrado,
Lotéricamente contente em relembrar o sonho sonhado.
Deleite em ouvir a exclamação confortante,
Do anjo torturado.
Eu sou a musica que toca em sua cabeça,
E você é o instrumento tocado.

Monday, October 09, 2006

Fuja


Então vá,

Com o fluxo

Esconda-se da luz

Esconda-se

Odeie-se,

Quebre espelhos

Corra do demônio

Esquive-se da chuva

Procure um novo problema

Chore,

Inunde a desumanidade

Assassine-os,

Ouça a musica que toca na sua cabeça,

Corra pelas avenidas

Pinte as paredes descascadas

E descasque as paredes pintadas.

Jogue-se fora,

Corra pelas avenidas

Vá com o fluxo.

Lembre-se de nada

Não se importe

Odeie.

Jogue o jogo imposto,

É seguro,

Não confie em mim.

Não hesite.

Mate pela eternidade,

Viva procurando por algo bom para se morrer.

Corra pelas avenidas

Não feche os olhos,

Veja as luzes dos postes, passando rápidas,

Pela sua vida,

Vá com o fluxo,

Esqueça o caminho de volta.

Volte, e cave sua cova,

Esconda a coisa boa para se morrer,

Dentro dela.

Acostume-se a perder.

Ganhe grátis a absolvição.

Veja,

Cegue-se com os próprios dedos

e beba o sangue que já não suporta mais,

correr por entre suas veias.

Vá com o fluxo.

Abandone-se.

Thursday, September 14, 2006

Invertido


A ordem natural das coisas
invertida;
manchada;
despida
desmascarada.
Inexistente e ilusória ordem, NÃO natural das coisas.
Que deixam de ser coisas para apenas serem
invertidas;
manchadas;
despidas;
desmascaradas.
Ordem naturalmente não natural das coisas.
Que passa por cima de todas as coisas, que deixaram de ser e extinguiram-se com suas
inverões e invenções;
manchas;
despidas e cobertas;
desmascaradas.
Qualquer coisa, coisa qualquer, coisa alguma. E sem ordem.

Thursday, July 27, 2006


Um dia quem sabe nos mataremos tentando amarmos uns aos outros.
Um dia quem sabe, morreremos tentando ficar vivos.
Um dia...

Quem sabe nesse dia, seremos nós mesmos.
Quem sabe nesse dia, fundaremos o que não foi fundado, e diremos o que não foi dito.
Em todas as partes, à todas as pessoas.

Um dia quem sabe seremos egoístas extremos e mataremos pra sermos únicos.
Um dia quem sabe, mataremos crianças pra evitar que a desgraça toda continue.
Um dia...

Quem sabe nesse dia, sejamos os boçais, assim como fomos feitos.
Quem sabe nesse dia, choraremos pelas coisas que julgavamos sem importância.
Sentiremos nostalgia, frieza.

E quem sabe nesse dia, a gente não seja sincero o bastante pra podermos encarar nós mesmos na frente do espelho.
E encararemos nosso eu, como maior inimigo.
E seremos paranóicos.. insanos.. preocupantes.

Um dia quem sabe, a gente não se acabe tentando encontrar quem somos, pra assassinar quem deveriamos ser.
Quem sabe.

Thursday, July 13, 2006

Estrelas


E o universo, subjetivo e de estrelas apagadas,
Continua sendo universo,
Sem saber porque continua,
E tudo isso só enche a sua pequena mente com perguntas,
E todas elas soam universalmente estranhas e sem qualquer resposta.
E tudo soa subjetivamente universal e sem som,
Sem motivos ou razões,
E todos os valores ou respostas são ditos, pelos mudos indigentes que nos passam despercebidos,
E a nossa cegueira impede que qualquer brecha de luz ultrapasse nossa própria mente,
E tudo fica sempre naquela escuridão remota,
E qualquer brecha de luz nos renega, assim como o sangue que corre, sem rumo, em nossas veias,
Sangue cego, que sempre corre, independente da luz, para o ponto vital,
O ponto vital que no fundo não representava vida alguma,
Apenas existia sem saber-se porque,
Assim como todo o resto do universo subjetivamente apagado com suas estrelas decadentes,
E no escuro me mantenho, furando meus olhos, para me curar da cegueira imposta,
Pelas estrelas decadentes,
E pelas estrelas dos xerifes,
Apagadas por nós,
Ponto final?
Apague as estrelas ao sair.

Incerto


Existem cores que eu ainda não conheço,
Existem canteiros onde ainda não pisei,
Posso não ser o que pareço,
Preciso saber o que eu não sei,
Por que idéias valem mais,
Quando se conhece o autor das mesmas,
Qual é a cor dos seus sonhos?
Por que nos proíbem de pisar na grama?
Enquanto o tempo corre,
Esvai-se por entre os dedos,
A segurança que eu já não tinha.
Qual é a cor dos meus medos?
A felicidade vai e vem,
Como um passaro amarelo solitário,
Lapidando as estrelas do céu.
Por que tememos tanto o desconhecido?
Por que tecem o tecido,
Sem se perguntarem por que estão tecendo?
Pessoas se levantam,
Pra outras se sentarem.
Por que o medo de ficar só me atormenta tanto?
Corra!
É o que todos gritam,
Mas não há ninguém correndo.
Deixe-me cair,
Caia junto comigo,
E todos continuam gritando.
Corra!
Mas não há sentido em correr,
Atrás do tempo perdido.
Tudo é cíclico e seqüencial,
Nada difere o bem do mal,
Na ilha onde me enterrei.
Só o que vejo é o amarelo incerto,
E o topo da colina onde todos tentam chegar,
Sem saber porque chegam...

Perdidos


Você não deve achar outra saída,
Seus medos o perseguirão por onde você for,
Suas fraquezas repousam sobre um chão limpo,
A sua curiosidade se reflete em um céu nem tão limpo assim,
O espetáculo começa do fim,
O bilhete perdido nas sombras não te dá escolha,
O tempo pára pra observar sua indecisão,
Os palhaços limpam os rostos,
O respeitável publico vai embora,
O mestre de cerimônias lava as mãos,
Essa é sua hora,
A chuva cai pesada, mesclando-se com sua angustia,
Você não deve achar outra saída,
As engrenagens ainda trabalham,
Suas idéias se encontram, perdidas,
Sem valor,
Julgadas e condenadas ao anonimato,
As criaturas domadas o convidam á entrar,
Você está fraco,
E já não pode mais recusar,
Bem vindo á maquina,
É o que todos gritam,
Estréie suas lastimas em um mundo de mentira,
Onde você nunca ouvirá vaias.